Renan Contrera
renancontrera@hotmail.com
Fotos: CCOPAB
A jornalista Daniela Jenkins estuda filosofia e está mais acostumada a fazer matérias para a Agência Brasil sobre assuntos típicos para repórteres do Distrito Federal. Mas nessa quinta-feira (26/07) Daniela teve que se proteger de disparos enquanto subia um morro escoltada por soldados do Exército Brasileiro. Equipada com colete balístico e capacete, ela teve ainda que se alimentar com ração operacional das Forças Armadas e saber distinguir disparos de pistolas e diversos tipos de fuzis em uma simulação de ameaças comuns em áreas de conflito. "É um treinamento necessário para a nossa carreira. Querendo ou não a gente vai se deparar com algumas situações. E com instrução poderemos tomar atitudes corretas", afirma.
Os desafios fazem parte do Estágio de Preparação para Jornalistas em Áreas de Conflito, realizado nesta semana, no Rio de Janeiro, pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) do Exército. A turma de 32 jornalistas de agências de notícias, jornais, rádios, sites e emissoras de televisão de vários estados do Brasil, além de militares de comunicação social do Exército, Marinha e Força Aérea, foi preparada para conseguir realizar coberturas em áreas perigosas. As instruções envolveram temas que foram de aula sobre o Direito Humanitário Internacional até técnicas para se proteger de ameaças como armas químicas, tiroteios em cenário urbano e ação de grupos terroristas ou de sequestradores.
Para muitos, uma chance única de se preparar para situações que podem chegar de surpresa. Foi o que aconteceu com Daniela há um ano, quando esperava mais um dia normal de trabalho e acabou enviada para cobrir as enchentes em Alagoas e Pernambuco, onde não havia violência mas o cenário já era bem diferente do dia-a-dia da repórter. "Foi uma pauta bastante diferente", conta. Na ocasião, a jornalista embarcou em um helicótero pela primeira vez, um Super Puma da Força Aérea Brasileira. Um voo que segundo ela foi muito tranquilo e não deu medo, apesar de ter sido realizada com a porta aberta e ela ter se surpreendido com o tamanho da aeronave.
Para o repórter fotográfico Luiz Carlos Gomes, do Jornal Folha de São Paulo, o curso foi a chance de se aperfeiçoar naquilo que ele fazia na prática, mas sem qualquer informação. Enviado para a Líbia duas vezes, ele passou 30 dias no deserto ao lado dos rebeldes que derrubaram o ditador Muammar Kadafi. "Eu fui na contramão. Primeiro eu fui cobrir um conflito depois eu vim fazer o curso. Lá mesmo eu tinha noção que poderia ter perdido a vida em diversas ocasiões por falta de experiência. Agora estou mais seguro. Pronto para outra".
O Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) é uma organização militar brasileira voltada para a preparação de tropas e de civis que podem atuar em missões de paz brasileiras. Os instrutores são militares brasileiros e estrangeiros com experiência nesse tipo de ação, além de policiais militares e especialistas civis. Mais informações no site do CCOPAB.
Fonte: Agência Força Aérea