Renan Contrera
Fotos: Pericoco Mídias e Idéias
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Alexandre Caprio, psicólogo cognitivo-comportamental lançou o seu primeiro livro em 29 de outubro |
O livro “Devorador de Almas” escrito por Alexandre Caprio foi
lançando no dia 29 de outubro em Rio Preto e terá um segundo lançamento em
Tanabi. Livro faz parte da série Conhecimento que Transforma idealizada pela
Pericoco Editoral em parceira com o Riopreto Shopping e a Revista Bem-Estar do
Grupo Diário da Região. Confira nesta reportagem entrevista com o Alexandre sobre
o livro, sobre a depressão, o livro e outros assuntos.
O lançamento oficial
do livro Devorador de Almas foi no dia 29 de outubro no Riopreto Shopping, além
do momento de autógrafos, Alexandre deu uma palestra sobre o tema tratado no
livro. O escritor do livro foi psicólogo cognitivo-comportamental Alexandre Caprio, filho de Antônio Caprio,
professor e escritor que tem vários livros publicados retratando a história de Tanabi. O livro faz
parte da série Conhecimento que Transforma de idealização da Pericoco Editoral
em parceria com o Riopreto Shopping e com a Revista Bem-Estar do Grupo Diário
da Região.
Este é o primeiro livro de Alexandre, no livro ele aborta o
tema depressão que partir da convivência que teve com os pacientes com
transtorno da depressão. O livro esta dividido em três partes, a primeira que é
inédita e reúne quatro capítulos que dão nome ao livro. Na segunda parte traz
complemento dos quatro capítulos inicias e na terceira parte reúne os 12
artigos do Alexandre publicados na Revista Bem-Estar, que faz parte do Jornal
Diário da Região.
Na próxima quinta-feira, 10 às 20h na Câmara Municipal o
Alexandre Caprio fará a palestra “Depressão, Resiliência e Superação de
obstáculos”, após a palestra terá noite de autógrafos aos presentes.
Confira abaixo entrevista do Alexandre ao Blog Renan
Contrera, onde ele fala sobre o livro, sua carreira, sobre a depressão e muito
mais:
Blog Renan Contrera: Explique para nós o que é
um psicólogo com especialização em terapia cognitiva?
Alexandre Caprio: Um psicólogo
cognitivo-comportamental é um profissional que trabalha em duas frentes
diferentes: cognição (a forma como estruturamos os pensamentos e as emoções) e
comportamento (resultado destes comportamentos e emoções). Todo pensamento gera
uma emoção. Toda emoção gera um comportamento. Cada comportamento que temos
cria uma reação no meio em que vivemos e nos oferece uma resposta,
desencadeando outros pensamentos. Chamamos essa estrutura
(pensamento-emoção-comportamento) de tríade cognitiva e é através dela que
interagimos com tudo e todos ao nosso redor. Quando temos pensamentos nocivos,
invariavelmente temos emoções e comportamentos também nocivos. Exemplo: se eu
me sinto incompetente e incapaz de ser melhor (pensamento), sou tomado por
inveja e raiva de quem consegue (emoção) e acabo atacando e denegrindo aqueles
que invejo (comportamento). Quando nossos pensamentos são bons, a linha inversa
acontece e nos tornamos pessoas em desenvolvimento, com a mente e o corpo mais
sadios. O trabalho do psicólogo cognitivo-comportamental é encontrar os
pensamentos distorcidos e corrigi-los, melhorando emoções, comportamentos e, de
forma geral, a qualidade de vida do paciente.
Blog Renan Contrera: Em
sua carreira profissional qual momento que te marcou mais?
Alexandre Caprio: Todos os momentos em
que percebo que meu trabalho foi um divisor de águas na vida de uma pessoa são
eventos memoráveis. Sinto-me feliz e recompensado em ter o poder de aliviar o
sofrimento humano. Claro que alguns casos são críticos, como pacientes à beira
do suicídio ou com tentativas de suicídio. Em momentos como esses, um
profissional tem muito pouco tempo para explicar ao paciente o que está
acontecendo e reverter parte do quadro antes que o pior aconteça. Um psicólogo
deve estar preparado para trabalhar sob pressão. Não basta ser bom. Você tem
que ser bom em um curto intervalo de tempo. Por isso o preparo não deve parar
nunca. Cursos, livros, seminários são parte do trabalho e não devem ser
deixados de lado nunca.
Blog Renan Contrera: Você
tem artigos publicados em diversos meios de comunicação, fale um pouco sobre
isso. E livro este é o primeiro livro ou você escreveu algum livro antes?
Alexandre Caprio: Comecei trabalhando
em algumas matérias no Diário da Região no ano de 2008, junto com Cecília Dionízio,
que admiro muito. Desde então, tenho colaborado com diversos temas em revistas,
jornais e alguns livros locais. Como destaque, posso citar Cris Oliveira,
Daniela Babtista e Carol Soler nas participações da Revista Domínios, Gisele
Bortoleto, Juliana Ribeiro, Francine Moreno, Lígia Ottoboni e Elen Valereto no
Caderno Vida & Arte e Revista Bem Estar do grupo Diário da Região. Já na
TV, programas como o Revista de Sábado (TV Tem), SBT & Você, com Mira
Filizola, Luciano Alvarenga, Lelé Arantes, TV Câmara e as ‘lives’ que a Revista
Bem Estar tem realizado recentemente na net. Finalmente, dentro da área de
projetos realizados ao vivo, parceiros como Rio Preto Shopping, Livraria
Empório Cultural, Pericoco Mídias e Idéias e Secretarias da Assistência Social
e Direitos Humanos de Tanabi. Participação em livros, tenho artigos publicados
junto ao Centro Universitário do Norte Paulista (UNORP) e Instituto Histórico,
Geográfico e Genealógico de São José do Rio Preto (IHGG). Mas o livro “O
Devorador de Almas” é o primeiro em que sou, de fato, autor da obra completa.
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O livro faz parte de série Conhecimento que transforma |
Blog Renan Contrera: Para
escrever este livro falando sobre depressão, de onde você tirou as informações
para a conclusão desta obra?
Alexandre Caprio: Basicamente de duas
fontes principais: dos estudos publicados e da observação dos quadros que
atendi nos últimos dez anos. Geralmente as pessoas chegam à clínica bastante
desorientadas, com grande sentimento de culpa e desvalia. Sentem que regrediram
suas habilidades, competências e que não conseguem mais recuperá-las. A perda
da esperança em relação a si mesmo e ao futuro é o que desencadeia o processo
de desistência da vida. Pouco a pouco o cérebro reduz sua atividade afetando
memória, concentração e até mesmo as emoções. O corpo acompanha essa queda,
passando a entrar em modo de economia de energia. A pessoa não sente mais
vontade de fazer nada e pensa que o isolamento e a letargia são desejos
autênticos quando, na verdade, já são manifestações do transtorno em
desenvolvimento.
Blog Renan Contrera: O
que tem levado as pessoas a terem depressão e quais são as ações ou atos que a
pessoa que tem depressão faz?
Alexandre Caprio: São várias as causas
que desencadeiam o transtorno de depressão. Fatores genéticos, ambientais,
financeiros, sociais e relativos à autoestima são bem comuns. Segundo a Escala
de Beck, o Transtorno de Depressão pode ser dividido em quatro níveis. No nível
mínimo sentimos uma leve preguiça, muitas vezes tida como um simples
retraimento ou recolhimento. No nível leve o transtorno já induziu o cérebro e
o corpo a uma redução maior de atividade. Uma irritação e impaciência começam a
se manifestar, consequência da diminuição de alguns neurotransmissores. As
pessoas mais próximas acabam se tornando alvo dessa intolerância. A libido
sexual, memória e capacidade de concentração sofrem os primeiros golpes. Quando
o Transtorno de Depressão atinge o nível moderado, os sintomas anteriores se
agravam e se somam a uma extrema dificuldade de se cumprir tarefas que, antes,
eram simples, rápidas e fáceis de serem administradas. Obrigações profissionais
e acadêmicas mais se assemelham a um martírio. Finalmente no nível grave,
tarefas pequenas tornam-se obstáculos intransponíveis, aumentando nossa
sensação de inutilidade e desvalia. As perspectivas em relação ao futuro
desaparecem levando com elas nossos sonhos e motivações. A ideia de não existir
mais surge com frequência e, mais tarde, dá lugar ao pensamento suicida. A
pessoa começa, então, a planejar tirar sua própria vida e pode até pesquisar métodos
para que consiga fazer isso com eficácia.
Blog Renan Contrera: A
depressão para muitos não é considera como doença, isso acaba agravando a
situação do paciente?
Alexandre Caprio: Ignorar o transtorno
de depressão ou não acreditar em sua existência é exatamente o que o torna
perigoso e, muitas vezes, fatal. A desinformação tem transformado essa doença
em uma ameaça que mata pessoas de todas as idades, que não distingue classes
sociais, muito menos fronteiras. Desinformada, a família critica o doente.
Muitos são chamados de preguiçosos e ingratos, piorando ainda mais o quadro e
levando à pessoa ao suicídio. Por drenar a vida com tanta eficiência sem que as
vítimas percebam o que está acontecendo e, principalmente, por influenciar
desejos e ações sem ser notado, eu comparei a depressão a uma entidade, que se
apodera da mente, drena sua energia vital e depois descarta a carcaça, como uma
grande aranha espectral. Essa comparação deu nome ao livro e, nele, relato
casos como o de uma menina, que estava com o transtorno, e que foi acusada, por
terceiros, de fazer a mãe sofrer. Esse episódio aumentou tanto a sua culpa que
ela tentou o suicídio naquela mesma noite. O transtorno esvazia nossas emoções
e nos deixa sem perspectiva. Isto é um grande risco, porque passamos a achar
que não queremos mais continuar vivos. Esse desconhecimento é o que tem
provocado aumentos consideráveis e gradativos das taxas de suicídio no mundo
todo.
Não importa se você
não acredita no transtorno de depressão. Ele continuará existindo e levando
aqueles que o desprezam à morte. Leia mais, informe-se mais e faça terapia.
Aprenda sobre ele e terá chance de vencê-lo. E como disse Sun-Tzu no livro “A
Arte da Guerra”: “conheça o inimigo, o território e a ti mesmo e terá ampla
vantagem e chance de vitória.”